quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Use a vontade e o discernimento – 2ª. parte





Por Paramahamsa Yogananda 
Toda forte resolução que tomar com grande determinação pode logo se tornar um hábito. Por que não conseguiria fazer o que quer, guiado pela razão? Você deve tentar. Fora com todos os seus defeitos! Reexamine o que fez no ano passado. Veja os hábitos importunos que você pode ter apresentado: brigar com as pessoas, comer demais ou ser ciumento. Tome a decisão hoje e saiba que nunca mais fará isso. Apenas diga a você mesmo: “Yogananda disse que tinha aversão a editar, mas acabou por se tornar um editor; se ele conseguiu, eu posso fazer isso”. Por que não? Tudo que tentei com força de vontade deu certo. E dou-lhe a esperança de também ter sucesso, se você decidir. Deus lhe deu o poder de dinamitar suas dificuldades. Os romanos amarravam prisioneiros às carruagens e os arrastavam pelo chão – um costume terrível! Contudo, há nisso uma lição, porque deixamos que os hábitos nos tratem do mesmo modo. Devemos fazer dos hábitos prisioneiros, e não captores, atrelando-os à carruagem da vontade, devemos guiá-los, em vez de deixar que nos arrastem. Ser realmente livre significa poder fazer o que sabemos que devemos fazer e não meramente o que, por capricho, queremos fazer.
Aprenda a discernir neste Ano Novo: examine todo impulso que surgir, para ver se deve basear nele as ações subsequentes. E quando a razão indicar determinada conduta, não permita que o destino ou os deuses fiquem em seu caminho. Mas se descobrir que está errado mude de idéia. Algumas pessoas são tão teimosas que não querem admitir que estão erradas. Mas é preciso ser guiado pela razão, não pela vontade cega. Se, depois de raciocinar calmamente, você decidir que é correto o que vai fazer, então, ninguém deve poder impedi-lo.
Qualquer tipo de trabalho, feito com o espírito certo, permite a vitória sobre você mesmo. Você pode estar limpando banheiros, mas se o fizer com o pensamento de servir e ajudar aos outros, estará manifestando o espírito correto de um homem de Deus. O que conta é a atitude com que se trabalha. Preguiça mental e serviço de má vontade estragam a pessoa. Sempre me perguntam: “Como pode fazer tantas coisas?” É porque faço tudo com o maior prazer e com espírito de estar servindo. Interiormente, estou o tempo todo com Deus. E embora durma muito pouco, sempre me sinto bem disposto, porque realizo meus deveres com a atitude correta: a de que servir é um privilégio.
Você precisa compreender que é filho de Deus. Decida que não será dirigido pelo ego, escravizado a velhos hábitos. Limitações e imperfeições temporárias do corpo e do cérebro não podem atrasá-lo; assim que der o veredito e decidir firmemente ser uma nova pessoa, você mudará.
Você tem sido prisioneiro dos hábitos e isto não tem sido bom. Por força de hábitos errados de pensar e agir, nesta e em outras vidas, é que o território de seu corpo agora se rende a invasões de doença, problemas, alterações de humor e ignorância. De hoje em diante, você deve dizer: “Não sou escravo do corpo. Sou ditador de meu próprio reino. Meus pensamentos serão exatamente como quero que sejam.” Depois que mudar seus hábitos, dirá a você mesmo: “Como foi simples! Como fui cruel comigo mesmo, deixando de substituir hábitos que embruteciam a alma por aqueles que trazem felicidade”. 
Será você uma antiguidade psicológica?  
A melhor descrição para pessoas escravizadas pelos hábitos é: antiguidades psicológicas. Ano após ano, são sempre as mesmas. Dizem as mesmas velhas coisas, fazem as mesmas velhas coisas. Converse com elas por alguns minutos apenas e poderá prever exatamente o próximo comentário que farão. Mire-se no espelho da introspecção e veja se você é uma antiguidade psicológica. A maioria é.
Mas por que ser uma delas? Mude seus hábitos. Livre-se do mau humor. Procure ser melhor a cada dia. Que as pessoas possam dizer: “Que maravilhoso! Como ele está mudado!”
O homem de Auto-realização alcançou domínio sobre o ego embotado pelos velhos hábitos. Reconhecendo isso em Jesus, os soldados enviados pelos fariseus para capturá-lo voltaram admirados  de sua segurança, dizendo: “Jamais alguém falou como esse homem”.
A natureza de um mestre é infinita, não pode ser confinada aos estreitos limites dos conceitos humanos. Sempre que eu julgava ter achado a categoria certa para classificar meu guru, Swami Sri Yukteswarjí, descobria que ele era diferente, maior, extraordinário.
Um dia você terá que romper o hábito do apego ao corpo mortal e retornar a Deus. Não há alternativa. Aqui na terra, você é um filho pródigo. Sua natureza infinita precisa ser redescoberta. Você nunca será feliz enquanto certos hábitos o mantiverem atolado na ignorância da natureza eterna de sua alma. Não importa quem seja; o único meio de encontrar a alegria suprema é voltar para Deus. Você não precisa deixar as praias da terra e colocar asas; ao contrário, deve aprender a ser feliz aqui e agora, sob todas as condições, e incluir na sua alegria a felicidade dos outros. Faça o máximo possível para fazer os outros felizes. Não se pode agradar a todos, porém, dê bondade e amor às almas que cruzarem o seu caminho. Não existe ação mais libertadora do que ser sinceramente gentil com uma pessoa, em retribuição a uma grosseria. Por que não ser como a flor, que exala perfume mesmo quando esmagada com a mão? O Gita ensina: “Quem é livre de ódio para com todas as criaturas, é amigável e bondoso com todos, esse Me é querido.”
Se as pessoas o criticam, não as ignore. Veja se tem o defeito que lhe atribuem e, se tiver, corrija silenciosamente o erro. Raramente, porém, é necessário confessar nossos defeitos aos outros, com você, poderão maldosamente usar a confissão para ameaçá-lo. Você pode confessar os erros a um guru, ou mestre espiritual de realização divina, mas não a quem não pode ajudá-lo e que poderia até magoá-lo, contando-os a outras pessoas.

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