Por Paramahamsa Yogananda
Toda
forte resolução que tomar com grande determinação pode logo se tornar
um hábito. Por que não conseguiria fazer o que quer, guiado pela razão?
Você deve tentar. Fora com todos os seus defeitos! Reexamine o que fez
no ano passado. Veja os hábitos importunos que você pode ter
apresentado: brigar com as pessoas, comer demais ou ser ciumento. Tome a
decisão hoje e saiba que nunca mais fará isso. Apenas diga a você
mesmo: “Yogananda disse que tinha aversão a editar, mas acabou por se
tornar um editor; se ele conseguiu, eu posso fazer isso”. Por que não?
Tudo que tentei com força de vontade deu certo. E dou-lhe a esperança de
também ter sucesso, se você decidir. Deus lhe deu o poder de dinamitar
suas dificuldades. Os romanos amarravam prisioneiros às carruagens e os
arrastavam pelo chão – um costume terrível! Contudo, há nisso uma lição,
porque deixamos que os hábitos nos tratem do mesmo modo. Devemos fazer
dos hábitos prisioneiros, e não captores, atrelando-os à carruagem da
vontade, devemos guiá-los, em vez de deixar que nos arrastem. Ser
realmente livre significa poder fazer o que sabemos que devemos fazer e
não meramente o que, por capricho, queremos fazer.
Aprenda
a discernir neste Ano Novo: examine todo impulso que surgir, para ver
se deve basear nele as ações subsequentes. E quando a razão indicar
determinada conduta, não permita que o destino ou os deuses fiquem em
seu caminho. Mas se descobrir que está errado mude de idéia. Algumas
pessoas são tão teimosas que não querem admitir que estão erradas. Mas é
preciso ser guiado pela razão, não pela vontade cega. Se, depois de
raciocinar calmamente, você decidir que é correto o que vai fazer,
então, ninguém deve poder impedi-lo.
Qualquer
tipo de trabalho, feito com o espírito certo, permite a vitória sobre
você mesmo. Você pode estar limpando banheiros, mas se o fizer com o
pensamento de servir e ajudar aos outros, estará manifestando o espírito
correto de um homem de Deus. O que conta é a atitude com que se
trabalha. Preguiça mental e serviço de má vontade estragam a pessoa.
Sempre me perguntam: “Como pode fazer tantas coisas?” É porque faço tudo
com o maior prazer e com espírito de estar servindo. Interiormente,
estou o tempo todo com Deus. E embora durma muito pouco, sempre me sinto
bem disposto, porque realizo meus deveres com a atitude correta: a de
que servir é um privilégio.
Você
precisa compreender que é filho de Deus. Decida que não será dirigido
pelo ego, escravizado a velhos hábitos. Limitações e imperfeições
temporárias do corpo e do cérebro não podem atrasá-lo; assim que der o
veredito e decidir firmemente ser uma nova pessoa, você mudará.
Você
tem sido prisioneiro dos hábitos e isto não tem sido bom. Por força de
hábitos errados de pensar e agir, nesta e em outras vidas, é que o
território de seu corpo agora se rende a invasões de doença, problemas,
alterações de humor e ignorância. De hoje em diante, você deve dizer:
“Não sou escravo do corpo. Sou ditador de meu próprio reino. Meus
pensamentos serão exatamente como quero que sejam.” Depois que mudar
seus hábitos, dirá a você mesmo: “Como foi simples! Como fui cruel
comigo mesmo, deixando de substituir hábitos que embruteciam a alma por
aqueles que trazem felicidade”.
Será você uma antiguidade psicológica?
A
melhor descrição para pessoas escravizadas pelos hábitos é:
antiguidades psicológicas. Ano após ano, são sempre as mesmas. Dizem as
mesmas velhas coisas, fazem as mesmas velhas coisas. Converse com elas
por alguns minutos apenas e poderá prever exatamente o próximo
comentário que farão. Mire-se no espelho da introspecção e veja se você é
uma antiguidade psicológica. A maioria é.
Mas
por que ser uma delas? Mude seus hábitos. Livre-se do mau humor.
Procure ser melhor a cada dia. Que as pessoas possam dizer: “Que
maravilhoso! Como ele está mudado!”
O
homem de Auto-realização alcançou domínio sobre o ego embotado pelos
velhos hábitos. Reconhecendo isso em Jesus, os soldados enviados pelos
fariseus para capturá-lo voltaram admirados de sua segurança, dizendo: “Jamais alguém falou como esse homem”.
A
natureza de um mestre é infinita, não pode ser confinada aos estreitos
limites dos conceitos humanos. Sempre que eu julgava ter achado a
categoria certa para classificar meu guru, Swami Sri Yukteswarjí,
descobria que ele era diferente, maior, extraordinário.
Um
dia você terá que romper o hábito do apego ao corpo mortal e retornar a
Deus. Não há alternativa. Aqui na terra, você é um filho pródigo. Sua
natureza infinita precisa ser redescoberta. Você nunca será feliz
enquanto certos hábitos o mantiverem atolado na ignorância da natureza
eterna de sua alma. Não importa quem seja; o único meio de encontrar a
alegria suprema é voltar para Deus. Você não precisa deixar as praias da
terra e colocar asas; ao contrário, deve aprender a ser feliz aqui e
agora, sob todas as condições, e incluir na sua alegria a felicidade dos
outros. Faça o máximo possível para fazer os outros felizes. Não se
pode agradar a todos, porém, dê bondade e amor às almas que cruzarem o
seu caminho. Não existe ação mais libertadora do que ser sinceramente
gentil com uma pessoa, em retribuição a uma grosseria. Por que não ser
como a flor, que exala perfume mesmo quando esmagada com a mão? O Gita
ensina: “Quem é livre de ódio para com todas as criaturas, é amigável e
bondoso com todos, esse Me é querido.”
Se
as pessoas o criticam, não as ignore. Veja se tem o defeito que lhe
atribuem e, se tiver, corrija silenciosamente o erro. Raramente, porém, é
necessário confessar nossos defeitos aos outros, com você, poderão
maldosamente usar a confissão para ameaçá-lo. Você pode confessar os
erros a um guru, ou mestre espiritual de realização divina, mas não a
quem não pode ajudá-lo e que poderia até magoá-lo, contando-os a outras
pessoas.
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