domingo, 31 de outubro de 2010

Presos na Argentina recebem aulas de meditação


Detentos aprendem técnicas de auto-ajuda

Presidiários da província de Buenos Aires estão recebendo aulas semanais de meditação.

Segundo o Serviço Penitenciário Bonaerense (SPB), os presos aprendem técnicas de auto-ajuda segundo o método desenvolvido pela professora espiritual australiana Isha Judd, que ensina os presos a repetir, de olhos fechados, frases como "promova o amor, em sua perfeição".

O programa teve início em julho, mas só agora a informação foi divulgada. A província possui mais de 26 mil presos em 55 penitenciárias. No total, 360 detidos em 13 presídios já estão praticando a técnica, segundo o SPB.

O exemplo também está sendo seguido em presídios no Uruguai e no Chile, segundo disse à BBC Brasil um ‘mestre’ do sistema Isha, o peruano Alejandro Rodríguez. Ele é o responsável pela instrução do método nas prisões de Buenos Aires.

“Com essa experiência, os presos se sentem mais tranquilos. Já não brigam com os companheiros, não se incomodam tanto em conviver com outros presos e não têm as reações de antes. Se sentem mais descansados e ficam menos agressivos”, disse Rodríguez.

Ele explicou que o método Isha ajuda as pessoas a assimilar a "consciência do presente". “Não é controle mental, mas uma técnica de autoajuda, na qual os pensamentos fluem. O presente é vivo. A técnica Isha gera a paz interior e espiritualidade dentro de cada um”, disse o peruano, que integra a Fundação Isha Educando para a Paz.
Crédito: Fundação Isha

Em Buenos Aires, 360 presos em 13 penitenciárias estão praticando meditação

Rodríguez explicou que a frase repetida pelos presos não é um mantra, já que este, segundo ele, deixa a mente em branco e não seria esse o objetivo. “É uma técnica que não está relacionada com a religião ou a ioga. É um sistema próprio que está na América Latina há onze anos.”

Abrindo o coração

Nas prisões de Buenos Aires, cada grupo possui no máximo quarenta presos. As aulas duram duas horas, uma vez por semana. Os presos praticam técnicas e ensinamentos aprendidos, para, na aula seguinte, relatar ao grupo, liderado pelo instrutor, os efeitos que sentiram e os dramas que enfrentam.

“Percebemos que eles estão abrindo o coração. Eles falam de seus medos, de suas preocupações. A prática os ajuda na contenção emocional”, afirmou Rodríguez.

O diretor do SPB, Javier Mendoza, disse ao jornal La Nación que percebeu que os presos “melhoraram muito seu comportamento” depois que iniciaram o exercício mental.

“Tomara que mais presos se interessem e se inscrevam nesse curso. A violência nas cadeias onde o curso é realizado diminuiu muito. Este sistema reduz a ansiedade e a depressão dos presos e os ajuda na readaptação, ampliando a segurança nos presídios”, afirmou Mendoza.

Cenas de natureza diminuem dor de pacientes com câncer


Um estudo americano mostra que belas imagens que mostram a natureza e música relaxante é uma combinação que ajuda a minimizar a dor de pacientes com câncer que passam por biópsia e por um dolorido exame chamado aspiração de medula óssea.

No procedimento, uma grande agulha é injetada na parte de trás do osso pélvico e uma amostra da medula óssea é retirada para análise. Geralmente, o exame dura cerca de dez minutos e a pessoa recebe anestesia local.

Pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, nos Estados Unidos, encontraram uma maneira simples e barata de tornar o processo menos dolorido.

Noah Lechtzin, professor do departamento de medicina da universidade, disse à rede britânica de notícias BBC que os especialistas queriam achar um jeito de melhorar essa experiência vivida por quem tem câncer.

- Então nós fizemos um estudo no qual os pacientes foram aleatoriamente divididos em dois grupos e encaminhados ao tratamento expostos a cena e sons de natureza ou da cidade. Nós medimos a dor de cada pessoa durante o procedimento.

A cena de natureza consistia em imagens das cataratas Vitória, na Zâmbia, pintadas em cortinas colocadas na sala de tratamento. O som escolhido era de pássaros cantando e o sussurro do vento ao passar pelas árvores. No caso das imagens da cidade, a pintura mostrava ruas movimentadas, cheias de carros e com pessoas apressadas. O som era de carros em movimento.

A intensidade da dor foi medida por meio de uma escala que vai de zero a dez, segundo relato dos próprios pacientes antes e depois do exame. Acima do índice quatro, a dor é considerada moderada ou grave.

Pacientes que não foram expostos a nenhuma das cenas ou os doentes que viram a cena da cidade indicaram, na média, 5,7 na escala de dor. Quem viu as imagens da natureza, em média, indicou 3,9 a intensidade do desconforto.

Segundo Lechtzin, o resultado revela que a diminuição da dor não é apenas uma questão de distrair o paciente.

- Eu acho que a distração desempenha algum papel, mas elementos da natureza têm um efeito calmante.

Ele diz que a escolha da imagem é fundamental para minimizar a dor.

- Você não gostaria de ver uma cena com animais perigosos, mas são úteis as cenas que mostram água corrente acompanhada de sons de pássaros e do vento sobre as árvores.

O professor espera que, a partir desse estudo, muitos hospitais usem cenas de natureza para ajudar a dar mais conforto aos pacientes.

- Trata-se de um grande mural que pode ser pendurado em uma cortina de hospital. Pode ser carregado e colocado em frente a cada leito. Razoavelmente barato, isso não exige nenhum preparo prévio e é fácil de usar.