quinta-feira, 31 de julho de 2008

Meditação na vida moderna


Parar tudo. Não pensar em nada.


Sentar-se e respirar por 5 minutos diários podem melhorar (muito) a qualidade de vida. A ciência comprova que quem pratica a meditação aumenta a auto-estima,a concentração e ainda previne as doenças causadas pelo estresse...

Quando escutamos a palavra meditação, não há como escapar da imagem de compenetrados monges de cabeças raspadas que passam horas sentados na difícil posição de flor-de-lótus para alcançar a iluminação. Dá até uma certa inveja desses seres superiores, anos-luz alheios às buzinas ensurdecedoras dos congestionamentos, à sufocante pressão no trabalho, às miudezas do cotidiano que tornam nossa mente um turbilhão desenfreado.


Talvez por estar associada à religião, a meditação parecia uma prática distante da realidade de pobres mortais como nós. Você ouviu bem. Parecia. Cada vez mais, esta técnica oriental de 2,5 mil anos está deixando de ser exclusividade de inacessíveis mosteiros e se tornando uma poderosa aliada da melhoria da qualidade de vida dos estressados ocidentais, inclusive brasileiros. A crescente adesão vem amparada pelo avanço das pesquisas da Medicina, que têm comprovado e até estimulado a prática da meditação para prevenir inúmeras doenças. "As chances de se contrair qualquer mal provocado por estresse são muito pequenas quando se medita", afirma o médico-acupunturista Norvan Martino Leite, da clínica Consciência, que criou uma sala de meditação para auxiliar no tratamento de seus pacientes.


"A melhora no dia-a-dia é impressionante", atesta a executiva Cristina Moreno, 54 anos, que pratica a meditação há pouco mais de 2 anos. O mesmo serviço já existe há 2 anos no Hospital Público do Servidor Municipal de São Paulo, onde o atendimento é gratuito. Quem medita disciplina a mente, melhora a auto-estima, a criatividade, a percepção, a concentração, controla a ansiedade e mantém o equilíbrio emocional. Aprende a enxergar os problemas (ops, desafios) de forma (muito) mais simples.

Ah! Com um detalhe importante: todos esses benefícios são de graça e sem contra-indicações. Soa até como propaganda enganosa. Mas não é. Para os iniciantes, o segredo é praticar 5 minutos todos os dias e incorporar o hábito como se fosse tão simples quanto escovar os dentes. Que fique claro que não existe nenhum passe de mágica que o transformará em um ser humano resolvido e maravilhoso da noite para o dia. Como qualquer aprendizado, exige persistência, paciência e disciplina. Você se lembra de quando foi tentar andar de bicicleta pela primeira vez?


Que tal aquela sensação do vento no rosto ao dar as primeiras pedaladas sem a ajuda daquelas rodinhas? Aprender a meditar é tão bom quanto essa sensação. É viver as delícias de estar presente, cada milésimo, cada instante, por mais tolo que possa parecer. Poderíamos falar de Filosofia, História, Religião, Metafísica e ficar nesse papo-cabeça para convencê-lo a seguir em frente. Quem sabe em uma outra hora. O que precisava ser dito está aí. Agora é com você. Afinal, o melhor da meditação é meditar.

Atualmente, existem mais de 3 mil técnicas de meditação. Aqui, você vai aprender o zazen, originalmente adotado pelos monges zen-budistas, mas que foi adaptado para os padrões ocidentais. O ambiente é importante. Procure um lugar silencioso, limpo e com pouca luz. Sente-se sobre uma almofada. Deixe a coluna ereta, cruze as pernas. Una as palmas das mãos em forma de concha e deixe-as caídas sobre o colo. Esboce um leve sorriso para relaxar o rosto. Deixe os olhos semi-abertos, mirando a 45 graus. Mas não se fixe a nenhuma imagem.


O ideal é desfocar sua visão. Coloque a língua no céu da boca e incline o queixo levemente para a frente. Respire profundamente.Sinta a barriga cheia de ar e expire. Para evitar a dispersão da mente, conte de 1 a10e de 10 a 1. Para controlar o tempo, programe um despertador para tocar após 5 minutos. Quando acabar o tempo, desligue-o e fique na posição pelo tempo que desejar.

Dicas

• Antes de ficar na posição de meditação, faça exercícios de alongamento.

• O importante é se sentir confortável. Para iniciantes, a posição de semilótus (a perna direita sobre a esquerda) é a mais recomendada. Mas nada impede de sentar-se na cadeira. Nesse caso, mantenha os pés sobre o chão, para formar um ângulo de 90 graus.

• Gradativamente, tente aumentar o tempo reservado à meditação até chegar aos 20 minutos.

• Se você se perder na contagem, recomece. Quando os pensamentos vierem, tente não se prender a eles. Deixe que eles passem como se fossem nuvens. Deixe fluir. Procure não criar expectativas sobre os resultados.

Os benefícios, segundo a Medicina comprovou...

• Segundo o Centro de Pesquisas Cerebrais de Moscou (Rússia), durante a meditação, o corpo consome seis vezes menos oxigênio que quando se dorme. Isso significa que o corpo gasta menos energia.


• Estudo da Universidade da Califórnia (EUA) descobriu que a meditação contribui até para evitar o acúmulo de gorduras nas artérias.


• Pesquisas da Universidade de Massachusetts (EUA) mostram que a meditação controla a hipertensão arterial e problemas digestivos.


• Estudo canadense constata que, após 6 anos, os gastos de despesas com saúde entre as pessoas que praticam a meditação caíram 30%.


• Pesquisas da Universidade de Stanford e Columbia (EUA) indicam que a meditação reduz a produção de adrenalina e cortisol, responsável pelo estresse.


• Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia (EUA) descobriram que a meditação aumenta a atividade da região frontal do cérebro, responsável pela concentração, abstração, responsabilidade social e atenção focada. São nesses momentos que surgem os insights (idéias que vêm da intuição).


• A meditação aumenta as ondas alfa e teta no cérebro, que transmitem a sensação de relaxamento.

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