domingo, 20 de fevereiro de 2011

Quer ser feliz? Confronte-se com acolhimento


Quer ser feliz? Confronte-se com acolhimento


Temos tanto medo de nos confrontarmos com nossa realidade interior, que vivemos buscando respostas para nossos problemas e angústias fora de nós. Culpamos e julgamos todas as pessoas com quem convivemos, acreditamos que somos vítimas da má sorte e que Deus nos esqueceu, como uma forma de colocarmos em algum lugar externa, as responsabilidades por todas as nossas dificuldades e dissabores. Algumas vezes, em momentos de dor mais intensa, entramos em um processo de muito medo, e acabamos nos rendendo às evidências do desequilíbrio, e não vemos outra saída, a não ser buscar ajuda exterior.

Porém, quando finalmente nos encontramos diante de um profissional que possa nos ajudar a reencontrar o equilibrio, nossa intenção é no sentido de fazer com que ele acredite em nossa condição de vítima. Contamos nossa história, nossos dissabores, temores e angústias, mas o tempo todo estamos tentando fazer com que esse profissional nos dê uma fórmula mágica a qual fará com que nossos problemas se dissipem e, o que mais desejamos, é que ele nos mostre um meio de mantermos nossa vida, atitudes e personalidade do jeito exato em que se encontra, sem que precisemos mudar qualquer condição interna em nós. Nossa tentativa é no sentido de encontrarmos meios de sairmos da dor e do medo, reassumindo o controle, e meios de mudarmos as pessoas que "nos ferem e prejudicam", como se toda a culpa fosse delas.

Não queremos que ele nos faça sugestões de promovermos mudanças internas, mesmo porque não gostamos nada da idéia de que ele nos aponte os nossos erros, nossas atitudes incorretas, nossa responsabilidade dentro do que nos acontece. Quando ele faz esse papel, de nos mostrar aquilo que está oculto em nosso inconsciente e que não queremos ver, e de nos mostrar o que em nós precisa ser modificado para que nossa interação com as pessoas e circunstâncias possam ser mais equilibradas, nossa reação é de recusa e de negação. Nos fechamos de forma a impedir que o terapeuta nos mostre além daquilo que estamos dispostos a ouvir e conhecer a nosso respeito.

Nosso pensamento é: não vim aqui para ser acusado, mas para que ele me ajude a provar, a mim mesmo e a todos, que estou certo e que sou a parte injustiçada e prejudicada, portanto, não quero ser responsável por nada do que me ocorre, mas quero encontrar uma forma de me fortalecer para vencer os problemas e as pessoas envolvidas nele, e para que possa encontrar meios de provar a essas pessoas o quanto elas estão erradas e precisam mudar. Elas sim precisam mudar, pois estou certo e convicto de que meus pensamentos, sentimentos e atitudes estão perfeitamente corretos.

Enquanto o terapeuta nos mostra a responsabilidade dos outros e nos acolhe em nossas dores, nos entregamos ao processo, mas basta que ele passe a nos apontar nossos defeitos e negatividades que nos trancamos internamente, na tentativa de não deixarmos que ele nos invada.

É aqui que nos prejudicamos, pois nessa atitude teimosa, arrogante, prepotente e defensiva, estamos perdendo a oportunidade de voltarmos o olhar para dentro de nós, com humildade e honestidade, para encontrarmos com nossos verdadeiros "inimigos", aqueles que são os únicos responsáveis por nossos fracassos, dores e temores - nossos medos, crenças antigas, mecanismos de auto-sabotagem, ódio, instinto de vingança, arrogância, dentre muitos outros - os quais mantemos tão habilmente trancafiados em nosso inconsciente para que ninguém, nem mesmo nós, possamos descobrir e para que evitemos entrar em contato com a dura realidade: somente nós somos os responsáveis por tudo o que nos acontece.

Somos responsáveis quando manipulamos as pessoas; quando nos omitimos em determinadas situações que pedem um posicionamento firme; quando permitimos que as pessoas nos prejudiquem ao invés de interditá-las, e nos fazemos de vítimas; quando nos deixamos manipular e envolver por hábeis tiranos, mesmo tendo consciência dessa interação; quando abrimos mão de nosso poder pessoal, ao invés de mantermos as rédeas de nossa vida em nossas mãos.

Portanto, fica claro que quanto mais insistimos em nos colocarmos em posição de infelizes vítimas da vida, ao invés de nos voltarmos para dentro de nós na intenção de descobrirmos quem somos de verdade, mais estamos resistindo ao processo que nos levará a uma liberdade verdadeira, em que nos libertaremos dos grilhões que nós mesmos nos impusemos inconscientemente. Quando atravessamos a densa camada de nossa negatividade, com consciência e determinação, encontraremos, oculta por essa camada, nossa verdadeira identidade, nossa essência divina. Portanto, quanto mais mergulhamos em nós, mais de nossa Luz libertamos.

Quando resolvemos nos confrontar, a despeito de todo e qualquer aspecto negativo que venhamos a descobrir a nosso respeito, e se soubermos acolher cada um desses aspectos, com amorosidade e aceitação, somos finalmente capazes de encontrar a felicidade que buscamos.

Não existe outro caminho a não ser o do autoconhecimento. Mas se não estamos dispostos a ir até as profundezas de nosso inconsciente e tentarmos apenas olhar para a superfície dele, acreditando que com o conhecimento de meia dúzia de defeitos já será o bastante para nos libertarmos, nunca nos sentiremos seres íntegros e equilibrados. Se resistirmos e nos enganarmos, por preguiça, medo ou covardia - também devemos descobrir esta verdade oculta -, nosso Ego reassumirá o poder, e tentará, a todo custo, nos fazer acreditar que o caminho do autoconfronto é perigoso e que fará com que nos percamos de nós mesmos. Se nos perdermos, será do nosso próprio Ego, se sentirmos a sensação de confusão e de perda de identidade é porque estaremos nos desidentificando com nosso Ego, o que é ótimo, para que possamos ter a liberdade de descobrir nossa negatividade oculta, o que nos levará a descobrir nossa identidade Real.

Porém, poderemos nos equivocar e passarmos a nos identificar com nossos aspectos negativos, acreditando que somos essa parte horrível de nós. Era justamente pelo medo que tínhamos de descobrir essa realidade, que nos deixávamos guiar por nosso Ego, para que o mundo não viesse a descobrir o ser abominável que somos. Mas se perseverarmos, conseguiremos nos libertar novamente das garras do Ego manipulador e nos entregaremos novamente ao processo, que nos levará a descobrir tudo o que há de pior em nós, sem acreditarmos que somos esses aspectos negativos, mas que apenas os contemos. Conseguiremos compreender, que nossa negatividade é proveniente da mesma corrente de energia positiva, que faz parte da Luz de nosso Ser Real, a qual apenas se negativou, mas continua sendo luz.

Isto nos trará serenidade para passarmos a nos confrontar cada vez mais profundamente e, a cada descoberta de negatividade, saberemos que ela apenas faz parte de nós na dualidade e que não é nossa realidade final. E tudo de negativo que faz parte de nós na dualidade, deve ser acolhido e aceito, para ser "educado e orientado", para que encontre o caminho de volta à nossa luz, o caminho da reconversão e reintegração com nossa essência divina.

por Teresa Cristina Pascott
o - crispascotto@hotmail.com

domingo, 13 de fevereiro de 2011

A crença do não-merecimento




A crença do não-merecimento

Imagine que você adota um cãozinho vira-lata. Você o leva para a sua casa, alimenta, dá banho, trata, leva ao veterinário e o enche de carinho. Será que esse cãozinho iria pensar "eu não mereço nada disso, meus amigos na rua passando fome e eu aqui com esse luxo todo..."

Imagine tudo isso sendo falado em um tom dramático de culpa e "humildade". Imagine o cãozinho se sabotando. Não come mais a ração e pede para o dono comprar outra mais baratinha. Diz também que não precisa de tanto assim. Pra que tanto conforto? E os colegas da rua que não têm nada disso? E o que ele fez para merecer tudo de bom? Por que outros não tem acesso às mesmas coisas? É claro que um cachorro jamais agiria dessa forma.

Ele apenas aceita e aproveita tudo que lhe é ofertado. O animal não precisa de razões para justificar ter uma vida boa. Já nós, seres humanos, temos uma tendência de precisar encontrar motivos que justifiquem as coisas que temos ou ganhamos: só me sinto confortável em ter muito se eu trabalhar muito; só consigo me sentir bem em ter uma vida boa se eu disser que passei muitos anos estudando e trabalhando para conquistar esse resultado; se eu não me sacrifico, não me sinto no direito às melhores coisas; só posso me permitir cobrar um preço mais alto se eu estudar tantos anos a mais.

Quando a criança nasce, ela não questiona se merece ou não o que recebe. No entanto, quando o pensamento vai se desenvolvendo e torna a estrutura do ego mais complexa, a mente começa a comparar, julgar e vão surgindo, em uma idade ainda muito tenra, os pensamentos de não merecimento e culpa. Inicialmente, a criança vai se comparar com os irmãos, observando se eles têm mais ou menos, se são felizes ou infelizes. Irá também começar a observar o sofrimento dos pais.

E conforme for a situação familiar, quanto maior for o sofrimento, maior a tendência de se desenvolver sentimentos de culpa em ser feliz, culpa em ter, culpa em receber. Ao crescer um pouco mais, a criança irá também começar a ter contato com as pessoas do mundo exterior e seus sofrimentos, o que poderá alimentar ainda mais a sensação de culpa e não merecimento em ter uma vida melhor do que a média.

Uma infância pobre onde a criança não teve as necessidades básicas plenamente satisfeitas (alimentação, roupas, lazer e etc.) pode ser também bastante prejudicial. De tanto ouvir: Não pode; não temos; não dá; não é pra você; não é para nós (e as vezes até 'quem você pensa que é pra querer isso ou aquilo, pensa que é melhor que os outros, pensa que é rico?) a criança cresce e vai internalizando cada vez mais que ela não pode e não merece acesso a certas coisas.

Atendi uma mulher com um intenso sentimento de não conseguir receber. Por ter um problema de saúde que exigia um gasto considerável, foi entregue para ser criada muito pequena para uma tia que tinha melhores condições. Recebeu os cuidados materiais necessários mas a parte emocional ficou muito prejudicada. Ouvia sempre a tia falar sobre os gastos necessários para mantê-la, além de outras situações emocionalmente desagradáveis. Assim ela foi desenvolvendo a sensação de se sentir um peso. Receber tudo aquilo tinha um preço bem alto.

Uma parte do preço foi ter ficado afastada dos pais, o que a privou de uma criação com mais afetividade. A outra parte do preço foi ter desenvolvido o sentimento de culpa e uma sensação de ter uma dívida impagável com a tia.

Ela começou a sentir que receber algo era é o mesmo que ficar devendo. Sempre que recebia algo, tinha que retribuir na hora para aliviar o desconforto. Imagine os prejuízos que esse padrão pode causar nos relacionamentos e na vida profissional de alguém.

Avalie a si próprio. Sente dificuldade em receber presentes? Precisa presentear ou fazer algo de volta pela pessoa para ficar em paz? Consegue receber elogios de forma natural ou precisa minimizá-los ou retribuí-los na mesma hora? Quando há uma possibilidade de ganhar algo de bom (um sorteio, uma promoção no trabalho, uma viagem...) tem uma tendência de deixar para outras pessoas ou você também quer ganhar e aproveitar? Se você conquista uma situação melhor (maior salário, vida mais confortável) precisa justificar pra você mesmo ou para os outros o tanto que você trabalhou para conquistar aquilo?

Quando adquire algum bem (carro, casa, roupas) você precisa pensar e justificar para você mesmo ou para os outros que esforçou bastante para se sentir bem com o que adquiriu? Se algo vier muito fácil, você aceita e usufrui tranquilamente, ou aproveita mas com sentimento de culpa?

Existe ainda a crença do merecimento ligada a questões espiritualistas e religiosas. "Fulano não teve o merecimento para se curar de tal doença". "Eu não tive o merecimento para sair da situação financeira difícil que vem desde a infância." "Se for do merecimento de fulano, ele irá conseguir". "Se você não saiu ainda dessa situação é porque não é do seu merecimento".

Fica simples e conformista demais uma justificativa dessa forma. Desenvolve-se um sentimento de que, se tem algo negativo, é porque essa pessoa "merece" passar por aquilo, até quando ninguém sabe. Por muitas vezes isso acaba gerando uma perpetuação do sofrimento por culpa e auto punição. As vezes as pessoas se tornam passivas e deixam de compreender mais profundamente as razões daquele sofrimento, perdendo também a chance transformá-lo.

Deveríamos aproveitar o exemplo dos animais que não questionam se merecem algo ou não. Eles sempre aproveitam a abundância. E quando passam por dificuldades fazem o melhor que podem para sair delas, sem se preocupar ou sentir culpa se fizeram ou deixaram de fazer algo para passar por aquilo.

Declare-se merecedor, e vá em busca do que você deseja. Seja persistente até alcançar o que deseja. Se a solução vier rápida e facilmente, aceite e aproveite. Não compre o título que alguém tente lhe passar de 'não merecedor pois isso acaba apenas criando passividade e culpa. Acredito que todos nós, de forma consciente ou inconsciente demos causa ao nosso sofrimento, ou atraímos ou pelo menos contribuímos para ele. Ainda assim, todos merecem se libertar do sofrimento.

Como todo e qualquer pensamento, sentimento e crença negativa, podemos usar a *EFT (técnica para auto-limpeza emocional, veja como receber um manual gratuito no final do artigo) para limpar profundamente esta crença de forma a nos libertar da sensação de não sermos merecedores de qualquer coisa que seja.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O Exemplo de um Verdadeiro Mestre



O Exemplo de um Verdadeiro Mestre

iddu Krishnamurti nasceu na Índia em 1895 e a partir dos treze anos de idade passou a ser educado pela Sociedade Teosófica, que o considerava o veículo para o "Instrutor do Mundo", cujo advento proclamavam. Krishnamurti logo emergiu como um poderoso, descompromissado e inclassificável instrutor, cujas palestras e escritos não estavam vinculadas a nenhuma religião específica, não sendo do Oriente nem do Ocidente, mas para o mundo todo. Repudiando com firmeza a imagem messiânica, em 1929 dissolveu dramaticamente a grande e rica organização que havia sido criada à sua volta, e declarou ser a verdade "uma terra sem caminhos", à qual nenhuma religião formalizada, filosofia ou seita daria acesso.

Nesta ocasião, um repórter, considerando um ato espetacular dissolver uma organização com milhares de membros, perguntou-lhe quem se interessaria em escutá-lo, se não queria seguidores? K. respondeu: - "Se houver apenas cinco pessoas que queiram escutar, que queiram viver, que tenham a face voltada para a eternidade, será o suficiente. De que servem milhares que não compreendem, completamente imbuídos de preconceitos, que não desejam o novo (...)? Gostaria que todos os que queiram compreender sejam livres, não para me seguir, não para fazer de mim uma gaiola, que se torne uma religião, uma seita. Deverão estar livres de todos os temores (...), do medo da espiritualidade, do medo do amor, do medo da morte, do medo da própria vida."

Pelo resto de sua vida Krishnamurti insistentemente rejeitou a posição de guru que tentaram lhe impingir. Continuou a atrair grande audiência através do mundo, mas não reivindicava autoridade, não queria discípulos, e falava sempre como um indivíduo fala a outro. No cerne do seu ensinamento estava a conscientização de que é possível produzir mudanças fundamentais na sociedade apenas pela transformação da consciência individual. Enfatizava constantemente a necessidade de autoconhecimento, e da compreensão da influência restritiva e separativa dos condicionamentos religiosos e nacionalistas. Apontava sempre para a necessidade urgente de abertura, do "vasto espaço no cérebro no qual há inimaginável energia". Isto parece ter sido a fonte de sua própria criatividade e a chave para seu impacto catalítico sobre uma ampla gama de pessoas.

Krishnamurti continuou falando pelo mundo até sua morte, em 1986, aos noventa anos de idade. Suas palestras e diálogos, diários e cartas têm sido preservados em livros e gravações.

Falou em várias universidades, a professores e a grupos de estudantes, nos EUA, na Europa e Índia. Foi freqüentemente procurado por pensadores e cientistas, com os quais estabeleceu debates.

A educação constituiu sua principal preocupação, desde muito jovem, tendo fundado várias escolas. Hoje estes centros educacionais são renomados e recebem jovens de todas as partes do mundo. As mais famosas são as de Brockwood Park, na Inglaterra, para jovens a partir de quatorze anos, a de Rishi Valley, na Índia, que recebe crianças a partir de sete anos, e a de Oak Grove, nos EUA, com alunos a partir de três anos e meio de idade.

"A Verdade é uma terra sem caminho".

O homem não chegará a ela através de organização alguma, de qualquer crença, de nenhum dogma, de nenhum sacerdote ou mesmo um ritual, e nem através do conhecimento filosófico ou da técnica psicológica. Ele tem que descobri-la através do espelho das relações, por meio de compreensão do conteúdo da sua própria mente, mediante a observação, e não pela análise ou dissecação introspectiva. O homem tem construído imagens em si próprio, como muros de segurança - imagens religiosas, políticas, pessoais. Estas se manifestam como símbolos, idéias, crenças. O peso dessas imagens domina o pensamento do homem, as suas relações e a sua vida diária. Tais imagens são as causas de nossos problemas, pois elas dividem os homens. A sua percepção da vida é formada pelos conceitos já estabelecidos em sua mente. O conteúdo de sua consciência é a sua consciência total. Este conteúdo é comum a toda humanidade. A individualidade é o nome, a forma e a cultura superficial que o homem adquire da tradição e do ambiente. A singularidade do homem não se acha na sua estrutura superficial, porém na completa libertação do conteúdo de sua consciência, comum a toda humanidade. Desse modo ele não é um indivíduo.

A liberdade não é uma reação, nem tampouco uma escolha. É pretensão do homem pensar ser livre porque pode escolher. Liberdade é observação pura, sem direção, sem medo de castigo ou recompensa. A liberdade não tem motivo: ela não se acha no fim da evolução do homem e sim, no primeiro passo de sua existência. Mediante a observação começamos a descobrir a falta de liberdade. A liberdade reside na percepção, sem escolha, de nossa existência, da nossa atividade cotidiana.

O pensamento é tempo. Ele nasce da experiência e do conhecimento, coisas inseparáveis do tempo e do passado. O tempo é o inimigo psicológico do homem. Nossa ação baseia-se no conhecimento, portanto, no tempo, e desse modo, o homem é um eterno escravo do passado. O pensamento é sempre limitado e, por conseguinte, vivemos em constantes conflito e numa luta sem fim. Não existe evolução psicológica.

Quando o homem se tornar consciente dos movimentos dos seus próprios pensamentos ele verá a divisão entre o pensador e o pensamento, entre o observador e a coisa observada, entre aquele que experimenta e a coisa experimentada. Ele descobrirá que esta divisão é uma ilusão. Só então haverá observação pura, significando isso percepção sem qualquer sombra do passado ou do tempo. Este vislumbre atemporal produz uma profunda e radical mutação em nossa mente.

A negação total é a essência do positivo. Quando há negação de todas aquelas coisas que o pensamento produz psicologicamente, só então existe o amor, que é compaixão e inteligência.

Esta exposição foi originalmente escrita pelo próprio Krishnamurti, em 21 de outubro de 1980, para ser publicada no livro "Krishnamurti: Os Anos de Realização", de Mary Lutyens.

Fonte: Instituição Cultural Krishnamurti

A prisão de não saber dizer não




A prisão de não saber dizer não


A dificuldade em dizer não é um padrão emocional muito comum, facilmente detectável em boa parte das pessoas. A maioria de nós, em maior ou menor grau, sente essa dificuldade.

Algumas vezes, a dificuldade aparece disfarçadamente. Vou citar um exemplo. Algumas explosões de raiva são, na verdade, uma manifestação das consequências desse padrão. Conheço uma pessoa que costuma aceitar tudo. O outro pede e ela faz e não reclama. No entanto, vai se acumulando uma insatisfação interior até que um belo dia surge uma grande reação de raiva. Nesse dia, ela consegue dizer não para a pessoa e aproveita a oportunidade para falar tudo que ficou engasgado. O resultado disso é a perda das amizades, dificuldades nos relacionamentos de trabalho e em todas as áreas.

As pessoas que têm esse padrão costumam comentar coisas do tipo "fulano é muito cara de pau, teve a capacidade de pedir isso e aquilo, e não é a primeira vez"; "eu jamais teria coragem de pedir tal coisa pra alguém". E no final perguntamos: e você atendeu ao pedido? E a reposta é sempre "ah sim, acabei fazendo, mas foi contra a minha vontade". E o discurso segue relatando o quanto esse pedido inapropriado lhe trouxe prejuízos.

É como se a pessoa dissesse interiormente "vou fazer o que estão me pedindo, mas de forma muito contrariada, vou reclamar bastante e ficar com muita raiva, comentarei com todo mundo o quanto essa pessoa é cara de pau, quem sabe ela toma consciência e para de me pedir essas coisas, não é possível que isso continue, ela deveria saber o limite, deveria ter bom senso assim como eu tenho".

Esse tipo de discurso coloca a pessoa no lugar vítima: "os outros não me respeitam, a culpa não é minha, o mundo é que deveria mudar". Um ganho secundário desse comportamento é o de ser visto como uma pessoa boa pelos outros: a explorada, a coitada, a vítima das maldades do mundo. Muita gente usa do vitimismo para obter aceitação e reconhecimento. No entanto a tendência é que as pessoas comecem a perceber esse padrão e se afastem com o tempo. Ela então precisará encontrar novos círculos para realizar o mesmo processo.

Muitas pessoas que agem dessa forma começam a se isolar como forma de evitar relacionamentos e ter que fazer coisas contra a sua vontade. Viver a vida sem colocar limites acaba levando a tristeza, ansiedade e depressão.

Conforme citei no início do texto, a dificuldade em dizer não pode estar em vários níveis, variando de pessoa para pessoa. Tem esse tipo de caso que relatei onde a se acumula raiva até explodir. Tem outros de pessoas que até dizem não na hora, mas o fazem de forma raivosa ou agressiva. É a sua defesa para esconder a insegurança que carregam. O "não" poderia ser dito de forma firme e ao mesmo tempo educada, sem qualquer tipo de desconforto por alguém que fosse mais seguro. Existe ainda aquele tipo que parece que nunca fica com raiva. É nessas pessoas que a insatisfação provocada irá causar mais intensamente quadros de depressão e ansiedade.

Comecei a refletir sobre o seguinte. De vez em quando me pego irritado quando alguém me solicita algo que não considero razoável, ou testemunho amigos comentando coisas que indicam sentimentos parecidos. Comecei, então, a desenvolver o seguinte pensamento: Qualquer um tem o direito de pedir o quiser, quando quiser, e eu tenho que estar preparado para isso aprendendo a negar e colocar os limites de forma firme e sem me alterar. Se eu fico com raiva ou irritado, sei que faz parte da minha insegurança e não adianta culpar ou falar mal do outro, pois isso seria vitimismo.

Não saber colocar limites é uma grande prisão porque ficamos dependendo do comportamento do outro para ficar em paz. É uma insanidade ficar reclamando como se os outros tivessem o dever de mudar. O que causa o sofrimento não é o pedido absurdo que alguem nos faz. Sofremos quando nós acatamos contra a nossa vontade ou quando reagimos de forma irritada. Deixe o outro ser como quiser, e aprenda a dizer não quando achar que deve. Isso sim o deixará em paz.

Outra coisa comum é que a pessoa começa a prejudicar seus relacionamentos mais íntimos pois está sempre a disposição dos pedidos de outros mais distantes. Programas são desmarcados, mudanças de planos ocorrem de última hora... Logicamente, isso causa desentendimentos familiares.

O mais interessante é que essas pessoas querem contar com compreensão da sua família; querem apoio para manter o seu comportamento subserviente com relação a terceiros. É como se dissessem "eu quero que você compreenda que eu não consigo dizer não para outras pessoas, e já que temos mais intimidade e sei que você me ama, você entenderá melhor se eu cancelar ou alterar o nosso programa pra que eu possa atender a outra solicitação. Por favor, compreenda isso e não brigue comigo, pois eu não posso contar com essa compreensão do outro lado e você sabe que tenho medo da rejeição, de não ser aceito, de perder minha imagem de bonzinho...". Os familiares ficam magoados, sentem como se todo mundo fosse mais importante e que a relação mais próxima não está sendo valorizada, por que é exatamente isso que está ocorrendo.

Por trás dessa dificuldade, podemos citar vários sentimentos negativos relativos a auto-estima: medo da rejeição, medo de não ser aceito, necessidade em ser reconhecido e valorizado. Existe uma ilusão de que agindo dessa forma a pessoa será bem vista. Mas ocorre justamente o contrário. Quanto menos damos limites, mais as pessoas nos desvalorizam. Parafraseando Gasparetto, "o mundo lhe trata como você se trata". Quem vive nesse padrão, dificilmente percebe isso e com o passar do tempo desenvolverá o discurso de que o mundo é um lugar cruel.

Quem sabe impor limites, liberta-se de muita ansiedade, acumula menos trabalho, aperfeiçoa as relações em todos os níveis, relaciona-se melhor e é mais respeitado.

por Andre Lima - andrelimareiki@gmail.com

Conexão com Deus: você precisa sentir!




Conexão com Deus: você precisa sentir!


Talvez não estivesse nos planos do Grande Espírito Criador a idéia de que um dia, seus filhos falassem da Conexão e sua importância e necessidade. Falo isso porque qualquer ser minimamente consciente deveria saber que sem essa sintonia com a Força Maior, a vida não fluiria dentro de nós, portanto, é quase que uma incoerência falar de algo vital, essencial, assim como o ar que respiramos, mesmo porque, se não houvesse essa ligação entre qualquer ser e o Criador, obviamente esse primeiro jamais existiria. Sem essa ligação com a força de vida que nos alimenta, que abastece tudo e a todos, nada seria possível.

Por isso que talvez, Deus, do alto de sua Grandiosidade, jamais imaginou que precisaríamos "revisar" esse aprendizado. Mesmo assim, mesmo sendo algo tão necessário e vital quanto o ar que respiramos, portanto, óbvio, nunca é demais falar de um assunto tão importante.

Não é difícil perceber que temos uma programação interior que nos leva sempre, mesmo que não tenhamos consciência, a buscar constantemente CONEXÃO com a Fonte Maior.

Quando batemos a canela no canto da cama, instintivamente levamos a mão ao ponto dolorido, com o objetivo de gerar alívio.

Quando sofremos, nos sentimos mal, choramos, nos recolhemos em reflexões, com o objetivo de nos centrar, nos equilibrar.

Quando a doença surge, nossos corpos pedem descanso, tratamento, refazimento.

Quando chega a noite, sentimos a necessidade do sono, do repouso reciclador da força da vida.

Quando estamos com fome, o alimento nos renova, nos sacia.

Quando estamos carentes, queremos um colo, um amigo, um ombro para chorar.

Todos esses hábitos carregam mensagens incutidas que demonstram claramente o mecanismo natural instintivo, de que sempre buscamos a Fonte. E se buscamos esse manancial é porque não estamos ligados a Ele, ou no mínimo temos dificuldades em nos manter nessa ligação. Portanto, toda crise, dor, sofrimento, revela uma quebra dessa sintonia, que é a causa raiz de toda mazela humana.

Não existem mistérios, complexidades ou desafios instransponíveis nessa tarefa, porque todo ser tem internamente essa programação, todavia, estamos destreinados, desacostumados a viver a vida em conexão com a Fonte.

Nosso desafio é relembrar o que está impregnado em nossas células físicas e espirituais: na conexão constante e consciente está a receita para uma vida feliz e plena de todas as qualidades e virtudes que precisamos.

O desafio lançado a todos nós é de reaprender a viver, começar de novo, mesmo que tímida e lentamente, começar a considerar que a nossa ligação com a Fonte é inquestionável.

Uma vez que aceitemos essa verdade natural e passemos a agir condizente, uma força luminosa muito intensa passará a nos sinalizar o caminho de uma vida simplesmente maravilhosa: uma vida em CONEXÃO!

Dicas para sentir e manter a CONEXÃO:

- Reze - desenvolva o hábito da oração, devotada, de coração, com intenção amorosa.

- Medite - pare pelo menos duas vezes ao dia para encontrar silêncio dentro de você, mesmo que tudo ao redor esteja barulhento. Feche-se ou isole-se em um local, ao menos garanta que ninguém lhe interromperá. Respire fundo, feche os olhos. Faça no mínimo vinte ciclos respiratórios profundos e longos. Procure sentir a leveza que vem em seguida.

Depois imagine, acredite, sinta, visualize, que do alto de sua cabeça, entra uma linda luz celestial, divina, abençoada, que purifica seu corpo todo, dos pés a cabeça. Imagine essa luz passando suavemente sobre todo o seu ser.

- EXPRESSE GRATIDÃO PELA VIDA E SEJA GENTIL COM TODAS AS PESSOAS, mesmo que aparentemente elas não façam por merecer.

Acredite, se você aplicar à risca essas dicas, certamente sentirá sua CONEXÃO acontecer. Sinta a CONEXÃO, você vai se transformar.


por Bruno J. Gimenes - sintonia@luzdaserra.com.br